Niksen: os benefícios de ficar entediado e não fazer nada

Gabriel García de Oro. Filósofo e escritor

Condenados, como estamos, à sociedade do desempenho e da produtividade, não fazer nada é visto como preguiça e preguiça. Porém, hoje sabemos que do não fazer podemos ser mais criativos, sentirmo-nos melhor com nós próprios, com os outros e com o momento presente. Então … por que não fazer nada?

Imagens Getty

Estamos na sociedade da performance. De produzir. Sem parar. Não é preciso muito para perceber que tudo ao nosso redor nos convida a mais e mais e mais. Todos são aplicativos para organizar tarefas. Lembretes de atividades.

Tudo deve ter um resultado, como se a nossa vida fosse a conta operacional de uma empresa, embora não sejamos uma empresa nem devamos explorar a nós mesmos. Mas muitos de nós temos. Até com os nossos filhos, com os quais podemos permitir tudo, inscrevê-los em milhares de atividades extracurriculares , desde que não se aborreçam , como se o tédio fosse o pior dos monstros. Como veremos mais tarde, não é.

O grande problema é que, nesse fazer infinito, esquecemos de nos conectar a nós mesmos.

Para se desconectar de nós mesmos. Para desintoxicar-nos das ações. Estar em nosso próprio mundo para, depois, habitar melhor o mundo que compartilhamos.

Tem certeza que não está fazendo nada?

A mídia social se tornou um substituto para não fazer nada. Eu olho para o telefone, embora ninguém esteja me ligando. Eu verifico o e-mail, mesmo que ninguém tenha escrito para mim, só para garantir … Eu carrego uma foto.

Qualquer coisa menos estar com a sensação de não fazer nada. Isso não! Mas, hoje, há uma reação a essa realidade sufocante, como é o caso do já famoso caso do artista plástico WoopsYang, que na Coréia do Sul transformou o não fazer nada em um esporte, reunindo mais de 70 pessoas em um futuro parque, juntos, sem fazer nada. Olhando para o espaço. Apenas no vácuo. Sim mas.

Para que serve isto? Por muito. Para relaxar nossos cérebros, superexcitados pela produtividade e aquela sensação terrível de que, se não fizermos, não seremos nada. Ninguém. Além disso, como alguns estudos vêm mostrando, reduz o estresse, o esgotamento mental e, acima de tudo, nos predispõe à criatividade. Sim. Para o nosso. Para nosso poder criativo.

Por que deveríamos estar entediados

Vamos imaginar que estamos jogando pedras, o tempo todo, em um lago. Resultado? Águas turvas, turvas e pouco claras. Porém, se não somos capazes de fazer nada … Só de olhar para o centro, contemplar sua beleza, aos poucos a superfície vai relaxando, vai ficando lisa, lisa. Aos poucos o fundo vai se apagando e podemos dar uma espiada nele. Decifre. Aprender. A mesma coisa acontece com nossos lagos interiores.

Para acalmar suas águas, para que recuperem sua transparência, devemos parar de lançar as pedras pesadas da atividade.

Nessa sociedade de consumo, isso é complicado porque o inimigo que apontamos antes aparece … o tédio! Mas o tédio é nosso aliado. Por exemplo, o bocejo, a grande manifestação física do tédio, oxigena o cérebro. Mas tem mais. Até a arte do tédio tem um nome inglês: niksen. Como toda arte, devemos treiná-la; e os defensores de Niksen avisam que devemos tratar o tédio de nós mesmos. Bom tédio. Eu não estou entediado. Nem relutância. Encontre o tédio.

Objetivo? Nenhum. Apenas seja. Esteja presente no presente. Sim mas. E é aí que ocorrerá o milagre de que a mente buscará seus próprios estímulos. E será inesperado e surpreendente. Não surpreendentemente, Aristóteles disse que a maravilha é a porta para a filosofia.

Pois bem, o prelúdio do espanto é o tédio, aquele momento em que sem prestar atenção a nada, de repente olhamos para algo que nos surpreende, uma palavra que em sua etimologia significa sair das sombras. Isso é, então, não fazer nada. Uma preparação para se livrar das sombras do fazer sem fim.

como passar do nada para tudo

  1. Se você não fizer nada, a mente se revelará surpreendente. Não surpreendentemente, Aristóteles disse que o espanto é o
  2. porta para a filosofia.
  3. O prelúdio do espanto é o tédio. Sem olhar para nada, de repente vemos algo que nos surpreende, nos tira da sombra.
  4. Portanto, não fazer nada é uma forma de se livrar das sombras do fazer infinito.

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