5 propostas feministas antes das chamas nas redes sociais
As redes sociais são o novo pacote, o bullying contemporâneo. Neles, o pátio da escola torna-se exponencial e eles nem precisam olhar nos olhos ao atacar. O que podemos fazer sobre isso?
Caros Insane Minds:
Já sabemos que essa coisa de mídia social é o novo circo romano com leões saindo por toda parte com fome de sangue e outras coisas. Nós sabemos.
Todos nós vivemos na própria pele o que se chama “chama”, que acontece quando milhares de pessoas começam a insultar em uníssono, porque para cada uma delas é apenas um insulto, mas para quem o recebe é mais um insulto. Outro insulto a acrescentar pelo simples fato de que ficou na moda, por alguns dias, insultá-lo.
O pacote. Uma forma contemporânea de bullying, onde o pátio da escola se torna exponencial e você nem precisa olhar nos olhos da outra pessoa ao atacá-la.
Uma pechincha, vamos.
Cuidar da nossa saúde emocional é importante nesses momentos, porque essas coisas nos afetam. Pode-se dizer não, que é só twitter, mas se ver no centro de tanto ódio deixa marcas que não têm graça.
Um deles é o medo e a autocensura, de pensar cinquenta vezes o preço que você vai pagar por dar sua opinião e acabar não dando caso se caia no que não está escrito. E assim você fica quieto e a violência vai ganhando terreno.
Por isso lanço algumas propostas-reflexões sobre como pode ser uma forma de agir feminista quando um parceiro está recebendo uma chama nas redes sociais:
- 1. Quando há muitas pessoas insultando um parceiro, por favor , não se insulte , não importa o quanto você queira fazer isso. Lembre-se da irmandade, que não é para não criticar, mas para saber se sua necessidade de criticar prevalece sobre a saúde emocional de seu parceiro no meio do furacão.
- 2. Por mais que você tenha um comentário superinteressante a fazer, não o faça agora. É como se houvesse muita gente batendo em alguém e, ao invés de tentar parar de bater, você estivesse no grupo para explicar o porquê. Este não é o momento e servirá apenas para alimentar a chama.
- 3. Se você for do ambiente do colega que recebe a “chama”, proteja-o dos comentários. Faça com que ela se retire das redes, para sua própria saúde emocional, e não envie comentários.
- 4. Ouse mostrar sua cara: não importa o quanto você discorde dela, ninguém merece uma chama. E sabemos perfeitamente bem que nessa dinâmica há muito gênero embutido.
- 5. Ofereça seu apoio também em particular. Quando há violência, as diferenças ideológicas ficam em segundo plano. E não há nada que agrade mais um coração feminista em situação de violência do que uma parceira com quem você tem desentendimentos, mas que no momento da verdade estende a mão para você. Isso é irmandade. O resto se chama amizade, e é muito legal, mas é outra coisa.
Se você está nesta situação, dê-se e dê-se tempo e distância. De nada adianta ficar atento aos comentários, porque você não vai poder responder a todos: não vai te dar vida, nem há resposta que possa deter o mecanismo: você só vai encorajá-lo.
Os tempos nas redes sociais são muito curtos e tudo passa.
Daqui a alguns dias o ruído terá mudado para outro local, para outro perfil que está recebendo o mesmo, porque as redes funcionam assim. E você pode voltar.
Mas a maneira como você volta e como isso fica preso na sua pele vai depender do cuidado que você se dá neste momento e do cuidado que você dá a si mesmo ao seu redor.
É difícil não responder porque os ataques nos desafiam e porque pensamos que, ao nos explicar o assunto, ele será compreendido. Acreditamos que uma chama é um mal-entendido, mas não é, é outra coisa.
É violência, é violência de grupo contra você e você não vai conseguir resolver o que quer que diga.
Você só pode se expor ou se proteger. E que, além disso, e felizmente, é treinado. E você aprende que pode deixar isso passar e dias melhores virão.
Feliz semana, Minds!