Os ossos também produzem hormônios do estresse

Claudina navarro

Um hormônio produzido pelos ossos foi considerado essencial na resposta do corpo a situações perigosas.

Se você diz "Estou estressado até os ossos", está literalmente certo, porque cientistas da Universidade de Columbia (Estados Unidos) descobriram que um hormônio secretado pelos ossos desempenha um papel decisivo na resposta a situações estressantes.

Até agora acreditava-se que apenas os hormônios adrenalina e norepinefrina eram os protagonistas da resposta de "lutar ou fugir" em cenários perigosos. Esses hormônios irão preparar o corpo para atingir o máximo desempenho físico e mental. A freqüência cardíaca aumenta, a velocidade da resposta mental se multiplica e o mesmo acontece com a energia que os músculos podem desenvolver.

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Um hormônio (osteocalcina) produzido pelos ossos é essencial na resposta ao estresse

Mas nada disso aconteceria se os ossos - aparentemente tão insensíveis - não tivessem começado a produzir osteocalcina. Assim que percebemos um perigo, o cérebro, ou mais especificamente, o "centro do medo" localizado na amígdala, envia um sinal aos ossos, que imediatamente começam a produzir, em questão de minutos, esse hormônio, que chega à corrente sanguínea e influencia o pâncreas, cérebro, músculos e outros órgãos.

O Dr. Gérard Karsenty, principal autor do estudo, explica que a descoberta muda completamente a maneira como entendemos a resposta ao estresse. Os ossos não são estruturas minerais quase inertes simples, mas participam de processos fisiológicos e influenciam outros sistemas e órgãos.

A osteocalcina, por exemplo, aumenta a capacidade das células de absorver glicose, melhora a memória e ajuda você a correr mais rápido por mais tempo.

As pessoas não precisam mais enfrentar felinos, mas sentimos medo em muitas situações. Por exemplo, na necessidade de falar em público. Os pesquisadores conseguiram provar que a osteocalcina aumenta no sangue em pessoas submetidas ao estresse de um exame ou palestra.

Consciência corporal e técnicas de meditação

A pesquisa da Universidade de Columbia revela profundas novas inter-relações entre os órgãos e sistemas do corpo, que são apenas alguns dos muitos ainda a serem descobertos, de acordo com Karsenty, que pesquisa osteocalcina há duas décadas.

Para ele, os ossos são mais uma glândula do sistema hormonal e fazem parte dos sistemas musculoesquelético e endócrino. E não só isso, mas estão em relação direta com o sistema nervoso, por meio de seu diálogo com o cérebro.

Essas descobertas representam de alguma forma um suporte para técnicas psicofísicas, como tai chi, ioga ou meditação, que buscam maior equilíbrio físico e mental por meio de determinados movimentos ou posturas. Nesse sentido, seria muito interessante investigar como a ioga ou a meditação afetam a produção de osteocalcina.

Outro aspecto que merece estudo é a relação entre a perda de massa óssea que ocorre ao longo dos anos ou devido a determinados distúrbios, com perda de memória e depressão.

Todos esses estudos certamente abrirão novos caminhos de tratamento para problemas de saúde comuns.

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