Você está com raiva de si mesmo? Conciliar!

Jorge Bucay

Não há nada de errado em ser quem somos. Os problemas aparecem quando acreditamos que deveríamos ser de outra forma e ficamos com raiva por causa disso. Reconciliar-se consigo mesmo é um ato que só tem valor quando você o toma plenamente consciente do que significa.

Olhar para si mesmo com os melhores olhos e ser benevolente com suas próprias limitações ou com sua maneira particular de estar no mundo é essencial para manter uma boa saúde mental.

Quando uma pessoa acredita que deveria (ou deveria) ser diferente, quando está com raiva de si mesma por ser do jeito que é, ela sofre muito. O perfil do "zangado consigo mesmo" é clássico e conhecido:

  • Ele vive insatisfeito consigo mesmo.
  • Você constantemente se força a tentar ser como deveria.
  • Você estabelece metas impossíveis para se desprezar quando não as atinge.
  • Presta atenção excessiva aos detalhes.
  • Planeje tudo para não perder o controle e viver até a próxima falha, que você antecipa e produz.

Em geral, "o zangado consigo mesmo" vem de famílias nas quais foi ensinado que os retornos normais ou médios são insignificantes, que os erros não podem existir porque são a expressão de pouca atenção. E que apenas um resultado notável é satisfatório. O mandato recebido dos pais tem sido algo como: "Você só terá o nosso amor se tiver sucesso e se destacar."

As consequências de não nos aceitarmos como somos

Quem vive fugindo do medo de ser rejeitado - e de suportar a própria rejeição - tem medo de revelar ou admitir sua vulnerabilidade. E por isso:

  • Ele fecha contra críticas.
  • Bloqueie sua capacidade criativa.
  • Pare de confiar nos outros.
  • Visão geral de perde.
  • Você está relutante em assumir riscos.
  • Ela se torna cada vez mais teimosa.
  • Funciona excessivamente como rota de fuga ou busca de reconhecimento.
  • Ele oculta obsessivamente seus erros e suas imperfeições.
  • Aja cada vez mais exigindo dos outros.

A consequência, tanto no trabalho como na sociedade, é previsível: obtém menos sucesso ou resultados piores do que outros da mesma capacidade, mas continua a sustentar com rigor que a sua forma de fazer é a correta.

Tudo isso o faz ser percebido como agressor e não como vítima ; como um tirano que, ao atentar para os detalhes, perde de vista as coisas importantes e ganha a indiferença e a antipatia de muitos, senão o medo e o estranhamento de todos.

Não há nada de errado com a maneira como somos

Pablo Busse Grawitz, criador de um famoso centro de recuperação de saúde na província argentina de Córdoba, escreve: “As pessoas têm que dedicar um tempo cuidando de si mesmas, fazendo exercícios, descansando, cultivando a alma, saboreando uma pequena porção de alimentos saudáveis. Em suma, organize-se estabelecendo prioridades e cuidando para que não fiquem sobrecarregados. Que o urgente não acabe tirando nossas vidas aos poucos. Devemos tentar gerar esse espaço diário que fortaleça o espírito e nos ajude a sair com outra visão para a rua ”.

Para mim, essa outra visão de que fala Busse Grawitz só é possível se a gente consegue se reconciliar consigo mesmo. Segundo o dicionário, reconciliação é o restabelecimento de uma amizade, a recomposição de um vínculo danificado ou o ato concreto de reconciliar uma relação perdida ou desagradável.

Assim entendida, a reconciliação com os outros ou consigo mesmo não pode ser um ato mecânico, mas uma decisão responsável, que só tem valor quando tomada com absoluta consciência do que significa. Mais do que perdoar, reconciliar é encontrar a harmonia novamente.

Um exercício para se reconciliar consigo mesmo

Proponho um exercício. Para realizá-lo, encontre na sua agenda diária um momento que lhe permita se afastar de tudo e dedicar uma hora exclusiva do seu tempo:

  • Escreva uma carta para si mesmo. Pegue um bom papel e um lápis (melhor lápis do que uma caneta) e escreva uma carta, uma carta endereçada a você, a você mesmo.
  • Seja honesto com você mesmo. Esta carta é uma carta de amor. Leve isso a sério. Gostaria que se dissesse o quanto se ama e por que, se contasse em detalhes suas melhores virtudes, se perdoasse por escrito pelos erros que cometeu, aceitando que não é o emblema da perfeição e que talvez isso não seja de todo ruim.
  • Deseje o melhor a si mesmo. Especificamente, só você sabe o que quer ou espera. Eu sugiro que você termine a carta com uma frase como "conte comigo sempre" ou algo semelhante.
  • Assine e coloque em um envelope. Agora, supere seus velhos julgamentos a respeito do ridículo de certas coisas, feche o envelope e envie aquela carta para casa. Esqueça-a, para que ela o surpreenda quando chegar.
  • Fique bem. Guarde-o como se fosse uma carta de um amigo muito querido, como um símbolo de sua reconciliação final consigo mesmo.

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