Quando todas aquelas pessoas felizes estão dormindo

Roy Galán

No buraco negro da depressão, parece que nada vai mudar. Que tudo continuará tão cinza, tão insípido. Isso continuará a pesar a respiração.

As depressões não sangram.

Vejo você deprimido, dizem.

Você está desanimado?

Eles falam porque percebem que você não fica animado com as mesmas coisas que os animam.

Porque você vê as cordas, as máscaras e os cenários.

E você tem que fingir que não sabe.

Planos começam a parecer absurdos para você.

Para que?

A grande questão.

Você começa a protelar. Não atendendo o telefone. Para sair menos.

Então, eles param de dizer que notam você de maneira estranha.

E as pessoas se cansam de você.

É o que você queria. Estar em um barco flutuante.

Uma ilha que vai ficando suja aos poucos.

Primeiro você deixa um cinzeiro cheio.

Depois os pratos.

E de repente as aranhas ocuparam seu espaço.

E você não liga.

Nada parece importante.

E voce esta muito triste para chorar

Eu gostaria que você pudesse chorar, porque pelo menos você sentiria pena de si mesmo.

Você se daria algo.

A você.

Você pode, saia daí, não seja bobo.

Querer é poder, vamos, vamos.

Bobagem, isso se tira com uma boa marcha.

Uma boa foda.

E você escuta tudo como se nada fosse ao vivo e tudo estivesse gravado.

Você dá uma pausa. Você desliga. Você vê de novo.

E a noite chega.

O pior são as noites.

Quando todas aquelas pessoas felizes estão dormindo.

E você não pode.

Você está inundado com todas as memórias.

Você se sente culpado porque só depende de você e você não.

Amanhã será outro dia, amanhã certamente encontrarei um incentivo.

Amanhã eu parto.

Amanhã eu me arrumo.

Amanhã eu ligo.

Amanhã começo a dieta.

Amanhã tudo.

Mas chega o amanhã.

E você ainda é o mesmo fantasma preso.

Quando você se volta para a química, não é mais você.

Você não é mais aquele garoto tímido.

Não aquela garota que tendia à melancolia.

Mas você também não é outro.

Você vive em uma pintura agradável para os outros verem.

Você não quer mais sair do quadro.

Não há mais perigo.

Éramos todos meninos e meninas.

Todos nós esperamos um abraço quando chegarmos em casa.

Uma menina linda, que lindo o desenho.

Um lindo meu, que bom.

Todos nós jogamos e o mundo não se importou com o que pensávamos.

Mesmo nós não nos importamos.

Estávamos apenas brincando com um pedaço de corda, um pedaço de pau e um gafanhoto.

Houve um tempo em que apenas éramos e éramos.

E se você fosse alguma coisa, você pode ser novamente.

Fecha os olhos.

Você é uma criança.

Você é uma garota.

Não importa o que você pensa.

Não importa o que eles pensam.

Eu sou válido.

Sou digno disso.

Porque estou vivo, embora não saiba para quê.

Assim como os salgueiros-chorões.

Lagartas e algas.

Todos balançados neste incrível infinito.

Abra os olhos.

Porra.

Que bom.

Continuo aqui.

Só uma vez.

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