Dia da Invisibilidade Lésbica
Chegou à moda um homem que tirou algumas fotos de mulheres heterossexuais fingindo ser lésbicas para comemorar o dia da visibilidade lésbica. Tornando as lésbicas que são, é claro, invisíveis. Como sempre.
Caros Insane Minds:
No dia 26 de abril, como todo 26 de abril por alguns anos (oito anos para ser mais específico), o Dia da Visibilidade Lésbica é comemorado e muitas vezes não gosto que eu nem fale sobre isso, vamos lá. Ou sim, eu te digo, eu te digo.
Para começar, por que é necessário um dia de visibilidade lésbica se já temos 28 de junho, que é o Dia Internacional do Orgulho LGBT e aí estamos todos incluídos? Pois é, porque a realidade é como um brócolis, como diria minha amiga Sara. Você pega o brócolis e corta um galho e aquele galho parece um brócolis de novo, mas pequeno.
Com o que chamo, de forma meio sarcástica, o Conglomerado LGTB aconteceu conosco da mesma forma. Tiramos o galho de brócolis para reivindicar uma série de coisas, mas o galho é o brócolis de novo e nos aconteceu o mesmo que acontece com o brócolis completo: que os senhores são os únicos visíveis, os únicos que cortam o bacalhau, os únicos que Eles recebem atenção, e os únicos que tudo.
Cavalheiros em todos os lugares, senhores sem parar. Cavalheiros gays, claro, cavalheiros cis e trans, mas cavalheiros como se não houvesse amanhã.
Faça o teste do algodão: coloque homofobia nas imagens do Google e me diga o que você vê. Senhores. Coloque a homossexualidade e o que você ganha? Senhores. Coloque "filmes de homossexualidade": o mesmo. Faça "filmes homofóbicos" … e assim por diante, ad infinitum. Todos senhores.
Que o pequeno brócolis esteja tão cheio de cavalheiros quanto o grande brócolis que é a vida tem consequências, e muitas. Para começar, que os problemas reais que as mulheres que fazem sexo afetivamente se relacionam com outras mulheres têm, pluf! eles desaparecem do mapa e desaparecem de suas soluções.
Por que não: nossos problemas não são iguais aos problemas dos cavalheiros. Começando, por exemplo, pelos nossos problemas de saúde, você vê que coisa contingente e clara e clara.
- A informação sobre doenças sexualmente transmissíveis entre nós é zero patatero, a conscientização nos centros de saúde sobre nossa especificidade também é zero patatero, e os recursos que nos são destinados então levam em consideração.
- A maldita pergunta sobre gravidez que eles nos fazem toda vez , toda vez que vamos à ginecologia, que deve ser um ramo informado sobre esses assuntos, e que é sempre feito antes de saber se dormimos com gente que pode nos engravidar.
E pode parecer bobagem para você, porque vamos lá, você diz a ele que é lésbica e pronto. Bem, essa coisa muito simples tem um nome específico, se chama “sair do armário” e é algo que só nós que não somos heterossexuais experimentamos e vivenciamos constantemente em nossas vidas e tudo bem.
Que se as coisas fossem tão normais não tomaríamos a identidade sexual das pessoas tão levianamente, sempre puxando para a direita, não sei se me explico como diria minha amiga Paqui, que gosto de me exibir como amiga, como já você sabe.
Total, que o Dia da Conscientização Lésbica vem carregado com todas aquelas coisas que são importantes, e muito.
Bem, pouco foi minha raiva quando vi que um homem (bem, outro) que tirou algumas fotos de mulheres heterossexuais fingindo ser lésbicas (como você faz isso?) Ficou na moda para comemorar o dia da visibilidade.
Então, em vez de tirar fotos dos invisíveis, ele tirou fotos dos sempre visíveis, tornando invisíveis os invisíveis usuais. Para surtar, certo? Bem, é assim que tem sido. Dentre essas fotos, uma que não me deixa dormir: Eva Longoria dando um beijo na bochecha e relutantemente com outra senhora heterossexual, ambas com rostos de avenidas ruins ou de estar bem infeliz caso alguém possa pensar que se gostam.
Enfim, a coisa tem tecido.
Feliz semana, Minds!