Cada vez que estamos mais perdidos

O individualismo está ficando mais forte e melhor. Nós olhamos para o outro lado. Nós não apoiamos. Não nos importamos com a história dos outros, a dor dos outros. Usamos empatia cada vez menos. Vamos fazer o nosso trabalho.

A voz de Roy é um podcast do escritor Roy Galán para a revista Mentesana. Ouça e compartilhe.

Estamos cada vez mais sozinhos.
Mais isolado.
Temos cada vez mais informações.
Mas sabemos muito menos.

Cada vez temos mais dificuldade em nos ver.
Custa-nos mais ficar.
É mais difícil para nós estar no mesmo lugar ao mesmo tempo.

Estamos cada vez mais conectados a uma rede.
Mas mais desconectado de nós mesmos.
Mais para comentar do que para ouvir.
Lutando para vencer em uma batalha dialética.
Sem tentar entender o outro.

Cada vez que acreditamos que o que pensamos é importante.
E ficamos com raiva de bobagens.
Bloqueamos, silenciamos, deixamos de lado tudo o que nos incomoda.

Não queremos debater.
Não queremos aprender nada.
Não queremos crescer.

Estamos cada vez mais preguiçosos para ligar.
Não atendemos o telefone.
Resolvemos tudo com um emoticon.
Com um feliz aniversário.
E já cumprimos.

Cada vez somos mais individualismo.
Nós olhamos para o outro lado.
Nós não apoiamos.
Não nos importamos com a história dos outros, a dor dos outros.

Usamos empatia cada vez menos.
Vamos fazer o nosso trabalho.
E o nosso nunca, jamais, o que é dos outros.
Nos preocupamos cada vez menos com as pessoas.

Nós apenas nos importamos com nossos corpos.
Nossa estabilidade.
Nosso lazer, nosso dinheiro, nossa vida.

Cada vez pioramos um pouco.
Um pouco menos humano.
Um pouco mais incivilizado.

Estamos cada vez mais normalizando a barbárie.
Contanto que isso não aconteça conosco.
Porque isso nos afeta.
Então, nós reclamamos.

Cada vez estamos deixando um mundo mais triste.
Mais carente de verdade.
Um futuro nebuloso.

Estamos ficando cada vez mais perdidos.
E temos que ficar juntos.
Para lembrar onde nosso planeta estava.
Onde ficava nossa casa.

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