Como lidar com o confinamento na solidão
Viver essa crise que nos isolou socialmente pode se tornar especialmente difícil quando enfrentamos sozinhos. Trazemos algumas dicas para manter um equilíbrio emocional saudável nessas circunstâncias.
Lenin Estrada / UnsplaschDevido ao (necessário) confinamento que sofremos com a crise do coronavírus, muitas pessoas que moram sozinhas estão em suas casas há semanas sem poderem ter contato direto com familiares, amigos ou colegas de trabalho. Essas circunstâncias extraordinárias de isolamento social podem acabar trazendo alguns problemas psicológicos somados ao trauma emocional que todos compartilhamos.
A resiliência das pessoas e seu caráter mais ou menos extrovertido ou introvertido marcarão a maneira de enfrentar esse confinamento sozinho.
Como seres humanos que somos, a vida em sociedade é marcada em nossa genética como uma de nossas características básicas que nos impulsionou a superar o perigo que outros animais e a natureza hostil já representaram para a sobrevivência de nossa espécie. Embora vivamos sozinhos, quase todos nós buscamos manter contato direto com outros seres humanos diariamente, portanto, ser repentinamente privado desse tratamento pode se tornar muito difícil de assimilar.
Um agravante psicológico que aumenta os níveis de estresse e ansiedade para todos nós é que esse confinamento não foi procurado. Se é verdade que o podemos compreender e aceitar sem relutância, para o bem comum, também é verdade que não tivemos a possibilidade de o escolher por nós próprios.
Essa diminuição em nossos movimentos e nossa capacidade de tomar decisões significou uma interrupção muito abrupta em nossa vida normal.
Para muitas pessoas que optam por viver na solidão, mas que são socialmente muito ativas, o confinamento significou uma cessação repentina e involuntária de todas as suas atividades sociais e de todo contato direto com outro ser humano. Problemas psicológicos podem não demorar muito para aparecer.
Gostaria de salientar que este confinamento na solidão não afetou apenas os idosos ou adultos que decidiram viver desta forma, mas também os estudantes ou trabalhadores que vivem fora de suas casas de origem, mães solteiras (que foram privadas ajuda de outros adultos), cuidadores de pessoas dependentes, etc. Todos esses casos apresentam alto risco psicológico, devido à solidão.
Efeitos do isolamento na solidão
Esses são os principais riscos emocionais que esse isolamento social involuntário pode acarretar.
- Tristeza: A falta de contato social pode levar a uma dinâmica de tristeza e sintomas depressivos que podem ser agravados se essa situação durar muito tempo.
- Estresse e ansiedade: a solidão, por si só, causa estresse físico. Não fomos feitos para viver sozinhos e, embora possamos não perceber isso no curto prazo, nosso corpo começa a sofrer sintomas de estresse quando passamos muito tempo isolados de outras pessoas.
- Problemas de sono: podem ocorrer alterações nos padrões de sono e redução no número de horas de descanso.
- Monotonia: Entrar em um ciclo repetido de atividades e rotinas, sem ter ninguém que nos contraponha ou nos ajude a sair da monotonia, também pode agravar os sintomas depressivos.
- Problemas físicos: a solidão mantida por muito tempo pode aumentar a probabilidade de problemas cardiovasculares ou deprimir o sistema imunológico.
Maneiras de manter sua mente ativa se você mora sozinho
Se você está confinado à solidão, aqui estão algumas recomendações para tentar se manter ativo nos dias de hoje e, dessa forma, poder cuidar de sua saúde física e emocional.
- Quebrar a monotonia
Um dos maiores perigos do confinamento é o de nos abandonarmos à monotonia e à inatividade. Devemos definir pequenas metas diárias, como estudar um determinado assunto, ler algumas páginas do livro que nos interessa ou despender tempo em atividades criativas, como praticar um instrumento, pintar, escrever, etc. O cumprimento dessas pequenas metas nos dará incentivo para continuar com as tarefas no dia seguinte.
Devemos evitar a todo custo cair na procrastinação e na preguiça.
- Contato on-line
Podemos sofrer solidão física, mas não precisa ser solidão social. É muito saudável manter contato, tanto quanto possível, com a família e amigos por meio da conexão online. Este pode até ser um bom momento para se reconectar com aquelas pessoas que você aprecia, mas com quem você não fala há muito tempo.
- Exercício físico
O esporte é essencial. Dependendo do espaço que você tem em casa, diferentes atividades podem ser programadas. Temos que definir uma meta de fazer uma pequena rotina de exercícios por dia.
- Dieta de notícias
Não é aconselhável estar continuamente ciente das últimas notícias que surgem sobre o coronavírus. Sim, é bom ser informado diariamente, mas não é necessário revisar os últimos números de óbitos em cada país a cada cinco minutos. Não é mentalmente saudável permanecer ancorado o dia todo no lado negativo da situação.
- Humor
Para contrariar toda a dor e tristeza que nos rodeia, podemos cultivar o bom humor, seja com filmes ou vídeos de que gostamos ou partilhando anedotas e piadas com amigos (online). Se virmos apenas o lado negativo da quarentena, ela pesará mais sobre nós a cada dia.
E, por fim, essa última dica é para quem conhece situações de pessoas que moram sozinhas. Procuremos, na medida do possível, manter contato com eles. Pode ser pela internet, telefone ou olhando pela janela para conversar com o vizinho.