Os tampões são carregados com substâncias tóxicas

Claudina navarro

O governo francês realizou análises que revelaram uma longa lista de compostos com efeitos cancerígenos, mutagênicos ou endócrinos.

A reclamação não vem de nenhum grupo ou indivíduo ambientalista. Conforme relatado pelo Le Monde, um escritório do governo francês, ninguém menos que a Agência Nacional de Segurança Alimentar, Meio Ambiente e Trabalho (ANSES, por sua sigla em francês) pediu aos fabricantes de tampões e outros produtos higiênicos que reduzissem a presença de compostos químicos cancerígenos ou desreguladores endócrinos.

Nos produtos de higiene íntima existem até pesticidas agrícolas

Lindano e Quintaceno, também conhecido como PNCB, são dois pesticidas que foram encontrados onde menos se esperava: em absorventes higiênicos e em absorventes femininos. O caso é mais grave porque também estão proibidos desde 2000.

E não são as únicas substâncias tóxicas encontradas em produtos íntimos. O glifosato, o infame pesticida Monsanto (agora Bayer), também foi descoberto neles .

Ainda mais compostos estão onde não deveriam estar. As análises realizadas pela ANSES revelaram a presença de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAH) e ftalatos (desreguladores endócrinos) na bainha do tampão, juntamente com dioxinas, furanos e também ftalatos no material que entra em contato com as paredes do tampão. vagina.

Todas essas substâncias são cancerígenas, mutagênicas ou desreguladoras endócrinas.

Contaminação de matéria-prima

Como essas substâncias tóxicas acabam nos produtos de higiene íntima? Os especialistas da ANSES explicaram que a maioria dos contaminantes vêm de matérias-primas adquiridas pelos fabricantes para a produção de tampões, lenços ou protetores de calcinha. Portanto, eles vêm de pesticidas usados ​​por agricultores que produzem algodão ou são componentes de plásticos.

Outros compostos tóxicos, como furanos e dioxinas, são gerados no processo de branqueamento do algodão e outras fibras. Os PAHs aparecem como consequência ao juntar peças a altas temperaturas.

Contradições sobre riscos

A ANSES considera que a presença de todos esses compostos não representa risco à saúde humana, pois são encontrados em concentrações muito baixas. No entanto, reconhece que os cálculos de risco usuais não levam em consideração os efeitos de desreguladores de baixa dosagem ou sensibilização da pele.

Por isso, a ANSES recomenda que os fabricantes que compram matérias-primas de melhor qualidade revisem os processos de produção para que o resultado seja mais limpo.

O objetivo é "eliminar ou reduzir, tanto quanto possível, a presença dessas substâncias, em particular aquelas com efeitos carcinogênicos, mutagênicos ou reprotóxicos, desreguladores endócrinos e sensibilizantes da pele".

A União Europeia pode desenvolver regulamentos

Depende da boa vontade dos fabricantes se eles atendem ou não a essas recomendações. Será assim até que uma regulamentação europeia não restrinja a presença de substâncias tóxicas em produtos de higiene íntima, algo que a ANSES defende. A possibilidade está a ser estudada pela Comissão.

A ANSES ainda fará uma análise mais aprofundada da composição de tampões e outros produtos, como copos menstruais. Esses dispositivos, que algumas mulheres consideram mais seguros e sustentáveis ​​do que os tampões, também podem liberar ftalatos ou compostos orgânicos voláteis, de acordo com o professor Gerard Lasfargues, diretor executivo da ANSES.

Opções verdes

Os produtos orgânicos de higiene íntima certificados são logicamente mais seguros porque não contêm pesticidas agrícolas. No entanto, eles podem conter hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, dioxinas, furanos e ftalatos.

Por outro lado, os especialistas alertam que o uso prolongado de tampões apresenta o risco de sofrer da síndrome do choque tóxico. Essa síndrome não se deve aos compostos tóxicos mencionados, mas à multiplicação de bactérias produtoras de toxinas. No entanto, é uma ocorrência rara.

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