Aprenda a pedir ajuda
Temos medo de bancar a vítima, porque sempre há coisas mais importantes do que nossa própria miséria. E no final ficamos fora de controle e nos esquecemos de nós mesmos.
Caros Insane Minds:
Algumas semanas atrás publiquei "5 propostas feministas às chamas nas redes sociais" e agora, duas semanas depois, percebo que deixei algumas coisas que aprendi no caminho.
Um deles me foi ensinado por minha amiga Laia em uma conversa pim pam. Eu reclamava que não estava recebendo apoio público a todo vapor e ela respondeu: tia, diga o que você precisa.
Estrondo.
Tão claro, tão óbvio, tão feminista. Peça ajuda, peça apoio, diga claramente o que você precisa, não presuma que os outros estão lendo sua mente ou que suas necessidades são óbvias, porque não são.
De que precisamos, aquilo que é tão difícil para a gente falar para as mulheres por causa da construção de gênero que nos ensina que o nosso nunca é tão sério ou tão prioritário. E isso é algo que, além disso, se cruza com o fato de sermos ativistas, porque os ativistas parecem ter medo de ser vítimas, porque sempre há coisas mais importantes do que a nossa própria miséria.
E no final ficamos fora de controle e nos esquecemos de nós mesmos.
Isso não é dito por mim, é dito pelo meu terapeuta a quem chamo de La Más Grande, com a permissão de Rocío Jurado, que também era um. O maior, quero dizer, não um terapeuta.
Assim, quando estamos recebendo uma chama , parece-nos que todos descobriram e que todos sabem o que precisamos. Pois não. Você tem que perguntar claramente: eu preciso que você faça isso. E cada um que decide se o faz ou não.
A outra coisa que aprendi hoje em dia é que podemos abandonar a mídia social. Sei, já sei, que é fatal desocupar os lugares da fala, que não podemos nos retirar dos espaços da fala, afinal a violência sempre vence, esse plim e aquele plam. Já.
Mas ainda temos que pensar em nós mesmos coletivamente e não individualmente, não somos você ou eu que somos essenciais nas redes sociais, mas uma voz coletiva que deve ser coletivizada, que deve ser transferida e que deve ser assumida, ao mesmo tempo. clima.
Porque um único pequeno corpo não pode suportar tanta violência por si mesmo, mas o corpo coletivo pode.
Isso me lembra o assunto da pedagogia. Dos movimentos críticos reivindicamos o direito de não fazer pedagogia, não somos obrigados a fazê-lo, mas todos devem se sentir desafiados a se formar nas questões críticas.
De acordo.
Mas no plano pessoal: nem você nem eu somos obrigados a passar o dia explicando coisas para pessoas que poderiam se informar e parar de nos dar o tabar questionando coisas tão óbvias como que o racismo existe, o machismo existe, existe classismo, existe lesbofobia …
Mas não tenho certeza se podemos parar de fazer pedagogia coletivamente. Penso nas nossas mortes e no que pensariam se lhes contássemos que decidimos não fazer pedagogia. O corpo coletivo deve assumir esses espaços, e o corpo coletivo deve ser construído em conjunto para preencher esses espaços.
Feliz semana, Minds!