As cinco chaves para a escrita autoconsciente
Rita Marsans
Essa técnica terapêutica não apenas nos ajudará a nos descobrirmos, mas também aprimorará muitas habilidades psicológicas e emocionais.
Que adjetivos usamos para nos descrever? Como podemos contar uma anedota? Que frases nos ajudam a nos dar a conhecer? Podemos melhorar a maneira como nos expressamos? Ter consciência de como nos comunicamos por meio da palavra é o primeiro passo para nos conhecermos. Nessa forma de introspecção, a chave é perder o medo da página em branco.
Escreva para se descobrir
Escrever é ousar se olhar no espelho e nesse processo de auto-observação é inevitável uma jornada interior que nos traz surpresas sobre como somos e como nos comportamos. Colocar no papel nos ajuda a organizar nossas ideias, discernir o que é realmente importante em nossas vidas, aprender a desenramatizar os problemas que nos angustiam e buscar soluções sob novos pontos de vista.
Grandes autores se refugiaram na palavra para transmitir suas preocupações e o resultado foram textos de peso na literatura universal. Pensamos em Tolstoi e em A Confissão para investigar seu lado mais espiritual ou, mais recentemente, no hit Instrumental, de James Rhodes, onde ele explica um trauma de infância e como o superou através da música.
Exemplos? Existem muitos. Todo aquele que aborda a escrita com sinceridade acaba se conhecendo mais.
Os cinco estágios principais desta jornada interior
Quais são as fases em que nos encontraremos quando passarmos por essa jornada interior pela escrita?
1. Aprenda a organizar ideias e emoções
Para nos explicarmos por meio da linguagem, é importante separar o fato objetivo da emoção . Isso é feito dominando o registro e o tom dos textos. Não é o mesmo que escrever: “Ontem conheci o Pedro” do que “Finalmente, ontem o Pedro reapareceu na minha vida”. Cada palavra tem um peso e devemos dominá-lo.
2. Transmita nossa voz interior
Às vezes parece-nos que ninguém nos compreende e talvez seja verdade, mas a solução só pode estar nas nossas mãos. Aprender a "traduzir" nossa voz interior em uma linguagem inteligível para os outros é possível e necessário. Trata-se de estar sempre atento ao efeito que nossa escrita pode ter sobre quem nos olha e nos lê.
3. Saia de si mesmo
Como os outros nos veem? Podemos entender isso? Sabemos olhar um para o outro sem preconceitos? Para aprofundar nosso autorretrato, o desafio é imaginar que somos os protagonistas de nossa vida. Descrever a nós mesmos nos ajuda a aprender a nos olhar de maneira mais objetiva.
4. Construa o "outro" para dialogar
A escrita é baseada em um tripé composto de descrição, narração e diálogo. Este último suporte é o que nos ajuda a abordar outros pontos de vista diferentes dos nossos.
Construir um personagem que nos desafia ajuda a encontrar soluções insuspeitadas. Às vezes, parece que nos encontramos em um beco sem saída, mas era apenas uma questão de ver as coisas de forma diferente.
5. Narrar uma ficção com base em nossa experiência
Um dos grandes benefícios da escrita criativa é que ela nos ajuda a desdramatizar nossas preocupações. Inventar pequenas histórias a partir de nossas experiências permite-nos relê-las de uma forma diferente, oferecendo-nos uma experiência de libertação. A imaginação é o menos importante, trata-se de ter a coragem de nos escrever e reescrever de forma consciente.