Prebióticos, probióticos…. e agora pós-biótica

Claudina navarro

As descobertas sobre as funções da microbiota anunciam o desenvolvimento de uma nova geração de suplementos terapêuticos.

Há alguns anos, apenas especialistas precisavam saber a diferença de significado entre as palavras prebiótico e probiótico. Hoje é praticamente uma questão de cultura geral. Mas você sabe o que são pós-bióticos?

Pesquisas em andamento nos principais laboratórios de microbiota do mundo estão tentando descobrir as propriedades de cada tipo de população bacteriana e tratamentos estão sendo desenvolvidos com base em bactérias vivas ou suplementos nutricionais para alcançar os efeitos desejados.

Os pós-bióticos ajudam a prevenir e tratar doenças

Mas há outra estratégia terapêutica relacionada à microbiota. Em vez de administrar bactérias vivas ao paciente, os metabólitos que essas bactérias produzem podem ser prescritos e justificar seus efeitos benéficos.

Essas substâncias, esses metabólitos, são os pós-bióticos. Eles não são uma nova invenção. Os antibióticos também são pós-bióticos. Mas atualmente os cientistas afirmam que é possível usar terapeuticamente uma grande variedade de moléculas sintetizadas por bactérias.

A microbiota está distribuída por todo o corpo e a maior parte dela (cerca de 100 bilhões de bactérias, vírus, fungos e parasitas) está concentrada no cólon. Mas esses números são aproximados.

Há um "microbioma escuro" para descobrir

Estudos recentes falam de um "microbioma escuro" - como a matéria escura do universo - que seria composto por um número indeterminado de microorganismos pertencentes ao reino arcaico.

É difícil imaginar quantas substâncias com funções específicas no corpo esse catálogo quase infinito da vida poderia estar produzindo.

Descobertas contínuas sobre a influência da saúde e das doenças do microbioma abriram uma nova era para a medicina.

Uma farmácia com milhares de pós-bióticos potencialmente terapêuticos

A microbiota conhecida já possui um patrimônio genético que multiplica por 200 o número de genes nas células humanas. Cada gene ou conjunto de genes é uma fábrica de milhares de substâncias que intervêm em todos os processos fisiológicos.

Os microrganismos digestivos quebram os sais biliares, proteínas e fibras para produzir vitaminas e outros cofatores essenciais para a saúde. Eles também estimulam a imunidade, manter a barreira intestinal em bom estado e evitar a proliferação de bactérias patogénicas, vírus ou fungos.

O bom ou mau estado da microbiota está relacionado a doenças como inflamação intestinal, alergias, asma, diabetes, com distúrbios do sistema nervoso central (depressão e autismo) ou distúrbios neurodegenerativos (Alzheimer, Parkinson, esclerose múltipla) e até mesmo com alguns tipos de câncer.

Pesquisa recente dos Drs Tim Spector e Cristina Meni, do King's College London, lança luz sobre a relação entre o que comemos, como os alimentos são processados ​​pela microbiota e como são transformados em energia ou gordura que se acumula no corpo, principalmente na cintura.

Eles podem prevenir e tratar a obesidade e diabetes

Spector e Meni analisaram as fezes de 500 pares de gêmeos e descobriram mais de 800 compostos bioquímicos produzidos pelos microrganismos. E conseguiram identificar as substâncias que estão relacionadas com a tendência de acumular gordura abdominal (esta tendência implica um maior risco de diabetes e doenças cardíacas).

Os autores do estudo explicam que é possível influenciar a produção desses metabólitos por meio dos alimentos que comemos, que por sua vez nutrem um ou outro microrganismo.

Se selecionarmos os alimentos que as bactérias sintetizam moléculas com uma função fisiológica como, estaremos atuando nos processos que mantêm a saúde.

E quando cada processo se tornar conhecido, será possível tomar uma determinada substância como suplemento, como se fosse uma vitamina ou mineral.

Omega-3s estimulam a produção de pós-bióticos

Na verdade, os suplementos nutricionais já funcionam dessa forma. Spector e Menni descobriram que os suplementos de ômega-3 são benéficos porque estimulam a microbiota a produzir outras substâncias, como o metabólito denominado n-carbamil glutamato, que tem propriedades antiinflamatórias.

Mas esse efeito benéfico ocorre apenas em pessoas com um certo tipo de microbiota. É por isso que os suplementos de ômega-3 ajudam algumas pessoas mais do que outras.

Spector e Menni estão atualmente tentando descobrir metabólitos pós-bióticos que ajudam o corpo a lidar eficientemente com as gorduras, para que possam ser usados ​​no tratamento da obesidade e diabetes.

Evite a arteriosclerose

Outra pesquisa, liderada por Ana Valdes, da Universidade de Nottingham, constatou que a produção deficiente de ácido indolepropiônico pela microbiota é a principal causa do endurecimento das artérias ou da arteriosclerose. A mesma substância está associada ao risco de diabetes.

Valdes explica que a produção desse pós-biótico pode ser aumentada com o consumo de mais alimentos ricos em ômega-3 (como a semente de linho), em fibras (prebióticos, como frutas, verduras, nozes, aveia, legumes …); alimentos ou suplementos probióticos (com bactérias vivas), ou receber um transplante fecal (este ainda é um tratamento experimental).

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