Você pode reforçar a memorização enquanto dorme

Claudina navarro

Estudos realizados no Instituto de Ciências Weizmann em Israel indicam que à noite o cérebro é capaz de usar estímulos sensoriais externos para melhorar a memória.

Várias décadas atrás, algumas pessoas tentaram aprender línguas ou estudar durante o sono, ouvindo aulas gravadas. Essa ideia, que foi ridicularizada e rotulada de "lenda urbana", poderia ter alguns fundamentos sólidos.

Pesquisadores do prestigioso Instituto de Ciências Weizmann (Israel), liderados pelo Dr. Anat Azri e com a participação do professor Noam Sobel, fizeram os participantes adormecidos ouvirem certos sons enquanto certos aromas se dispersavam. Então, ao acordar, ao ouvir esses sons, as pessoas cheiraram, esperando reconhecer o aroma associado, embora naquele momento nenhum odor tivesse se dispersado.

Segundo os pesquisadores, o curioso estudo - publicado na prestigiosa revista Nature Neuroscience - mostra que as pessoas podem captar novas informações enquanto dormem, e que isso pode afetar inconscientemente seu comportamento quando estão acordadas.

Estímulos olfativos à noite fortalecem a memória

Um estudo posterior do mesmo centro de pesquisa investigou os segredos da memória, sono e sua relação com estímulos sensoriais externos, como cheiros.

Na ocasião, os pesquisadores, liderados pela Dra. Ella Bar, mostraram algumas palavras aos participantes e, em seguida, os convidaram para uma soneca. Enquanto dormiam, foram expostos a um perfume de rosas. Em seguida, puderam verificar que se lembravam das palavras melhor do que os participantes que não haviam cheirado nada durante o sono.

Segundo os cientistas, os aromas atuam na capacidade de lembrar porque têm como alvo direto a amígdala e o hipocampo, regiões do cérebro relacionadas à memória e às emoções. E eles funcionam especialmente à noite, porque é quando as memórias se instalam no neocórtex.

Esta pesquisa, publicada na Current Biology, também descobriu que as informações de ambos os lados do corpo são cruzadas no cérebro. Assim, a memória das palavras vistas ou ouvidas com a orelha esquerda é reforçada quando o aroma é percebido pela narina direita.

Outro detalhe é que o hemisfério direito está especialmente envolvido nas memórias com um componente emocional.

Os pesquisadores acreditam que serão capazes de usar esse conhecimento para desenvolver terapias de reabilitação após doenças ou acidentes que afetam a memória ou um hemisfério do cérebro.

Referências científicas:

  • Ella Bar eta al. Reativação de memória direcionada local no sono humano. Biologia atual.
  • Anat Arzi et al. O condicionamento olfativo aversivo durante o sono reduz o comportamento de fumar cigarros. The Journal of Neuroscience.

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