A obsessão pela magreza: como combatê-la?

Laura Gutman

Onde nasceu? Se o que aprendemos foi distância e frieza, trataremos nosso próprio corpo como um objeto que colocamos nas mãos de outros

Os seres humanos são mamíferos, ou seja, nascemos através do corpo de nossa mãe e, uma vez nascidos, as sensações de conforto, prazer ou desprazer vão deixar marcas indeléveis em nosso corpo.

Mas o que acontece se essas experiências da primeira infância não atenderem às nossas necessidades de cuidado ou proteção? E se nosso corpinho não for tocado ou abraçado com amor?

Surge um grande problema: a dor é tão grande que não estamos dispostos a aceitar o desenraizamento emocional, por isso nos distanciamos dessa experiência.

Uma forma de estabelecer essa distância emocional é considerar que este corpo não nos pertence. Porque se fosse nosso, doeria. Se for estrangeiro, não.

Perca peso até ficarmos invisíveis

O problema é que muitas mulheres devem se adaptar à moda da magreza porque coincide com uma necessidade pessoal de não existir, de não pertencer, de não enraizar, de não se materializar.

Se os outros gostam de magreza extrema, se acreditamos que seremos mais amados, levados em consideração ou admirados, se preferimos deixar o corpo a serviço do outro; é porque essa tem sido a experiência cotidiana desde o berço.

O desejo de ser amado

Mesmo se seguirmos dietas rígidas, praticarmos exercícios físicos ou ficarmos obcecados com as calorias que ingerimos, ainda assim sentiremos que não somos dignos de amor.

Desejamos ser amados por quem? Por nossa mãe, pelo que colocamos fora de nós mesmos. É um preço muito alto a pagar que nos deixa ainda mais vazios, distantes e sozinhos do que antes.

Sentimo-nos pequenos e indefesos, como quando éramos crianças.

Aprenda a nos amar

O que podemos fazer então?

  • Vamos primeiro tentar rever nossa história e descobrir quantas carícias, toques, braços e proximidade emocional recebemos de nossa mãe durante a infância.
  • Então, vamos rever a capacidade que temos de nos relacionarmos corporalmente com os outros: se toleramos abraços e se gostamos dos prazeres corporais.

Para deixar de ser objeto e virar sujeito, precisamos nos amar. Se não pudéssemos viver essa experiência no início da vida, hoje podemos aprender a amar a nós mesmos e aos outros. O corpo então se estabelecerá em perfeita beleza e harmonia.

Todos nós distinguimos alguém bonito porque está em perfeita harmonia com seu ser essencial.

E todos nós reconhecemos um corpo aparentemente perfeito, sem vida ou sustentação emocional.

Trata-se apenas de descobrir a beleza de nosso ser interior e permitir que ela se manifeste em nosso corpo.

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