Confinamento: permita-se desfrutar de não fazer nada

Gabriel García de Oro. Filósofo e escritor

Aulas online, culinária criativa, workshops … E se você relaxar durante a quarentena? Hoje sabemos que do não fazer podemos ser mais criativos, sentirmo-nos melhor com nós próprios, com os outros e com o momento presente. Então … por que não fazer nada?

Mana Vitolic / Unsplash

Condenados, como estamos, à sociedade do desempenho e da produtividade, não fazer nada é visto como preguiça e preguiça. Mas nosso mundo parou. Abrupto. Viral. A Covid-19 nos confinou em casa. Ele frustrou nossos planos. Pés de travagem.

O coronavírus, é claro, tirou a coroa dos seres ativos, infinitos em suas tarefas. Parecia impossível, mas aconteceu. Ninguém poderia pensar que poderíamos parar. Mas nos temos. Fomos forçados a fazer isso. E, sem dúvida, vamos aprender muito com isso. Para extrair muitas lições. Aqui veremos aquele relacionado ao não fazer. Vamos ver.

Estamos na sociedade da performance. De produzir. Sem parar.

Não é preciso muito para perceber que tudo ao nosso redor nos convida a mais e mais e mais. Todos são aplicativos para organizar tarefas. Lembretes de atividades. Tudo deve ter um resultado, como se a nossa vida fosse a conta operacional de uma empresa, embora não sejamos uma empresa nem devamos explorar a nós mesmos.

Mas muitos de nós temos. Mesmo com nossos filhos, com os quais somos capazes de permitir qualquer coisa, de inscrevê-los em milhares de atividades extracurriculares, desde que não se aborreçam , como se o tédio fosse o pior dos monstros. Como veremos mais tarde, não é.

O grande problema é que, nesse fazer infinito, esquecemos de nos conectar a nós mesmos.

Também nos esquecemos de nos desconectar de nós mesmos. Para desintoxicar de ações. Estar em nosso próprio mundo para, depois, habitar melhor o mundo que compartilhamos. Nesse sentido, as redes sociais se tornaram um substituto para não fazer nada. Eu olho para o telefone, embora ninguém esteja me ligando.

Eu verifico o e-mail, mesmo que ninguém tenha escrito para mim, só para garantir … Eu carrego uma foto. Compartilho um vídeo de um gatinho. Qualquer coisa menos estar com a sensação de não fazer nada. Isso não!

Uma oportunidade para reduzir o estresse no cérebro

Hoje há uma reação a essa realidade sufocante, como é o caso do já famoso caso do artista WoopsYang, que na Coréia do Sul transformou o nada fazer em um esporte, reunindo mais de 70 pessoas em um parque para estar, juntas, sem fazer nada.

Olhando para o espaço. Apenas no vácuo. Sim mas. Sem buscar ou fingir. Para que serve isto? Bem, curiosamente, por muito, acima de tudo, para relaxar nossos cérebros, superexcitados pela produtividade e aquela terrível sensação de que se não fizermos nada somos. Ninguém.

Além disso, como alguns estudos vêm mostrando, reduz o estresse, o esgotamento mental e, acima de tudo, nos predispõe à criatividade. Sim. Para o nosso. Para nosso poder criativo.

Vamos imaginar que estamos jogando pedras, o tempo todo, em um lago. Resultado? Águas turvas, turvas e pouco claras. Porém, se não pudermos fazer nada …

Só de olhar para o centro, contemplando sua beleza, aos poucos a superfície relaxa, torna-se lisa; suave. Aos poucos o fundo vai se apagando e podemos dar uma espiada nele. Decifre. Aprender. A mesma coisa acontece com nossos lagos interiores. Para acalmar suas águas, para que recuperem sua transparência, devemos parar de atirar as pedras pesadas da atividade. Ociosamente. Sem fingir nada. Sem querer nada.

O tédio é nosso aliado

Obviamente, nessa sociedade de consumo, isso é complicado porque o inimigo que mencionamos antes aparece … o tédio! Mas o tédio é nosso aliado. Por exemplo, o bocejo, a grande manifestação física do tédio, oxigena o cérebro. Mas tem mais. Até a arte do tédio tem um nome inglês: niksen.

Como toda arte, devemos treiná-la e os defensores do niksen alertam que devemos nos dar ao tédio.

Bom tédio. Eu não estou entediado. Nem relutância. Encontre o tédio. Objetivo? Nenhum. Apenas seja. Esteja presente no presente. Sim mas. E é aí que ocorrerá o milagre de que a mente buscará seus próprios estímulos. E será inesperado e surpreendente.

Não em vão Aristóteles disse que o espanto é a porta para a filosofia. Pois bem, o prelúdio do espanto é o tédio, aquele momento em que, sem prestar atenção a nada, de repente olhamos para algo que nos surpreende, uma palavra que em sua etimologia significa sair das sombras. Isso é, então, não fazer nada. Uma preparação para se livrar das sombras do fazer sem fim.

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